segunda-feira, 2 de abril de 2012

Farc libertam últimos policiais e militares mantidos reféns

O sargento Luis Alfredo Moreno agita a bandeira colombiana com euforia na chegada ao aeroporto de Villavicencio
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) entregaram nesta segunda-feira os últimos 10 militares e policiais que a guerrilha mantinha em seu poder a uma missão do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e ao coletivo Colombianos e Colombianas pela Paz, na fronteira dos departamentos de Meta e Guaviare, na selva colombiana. Os libertados estavam em poder da guerrilha há pelo menos 14 anos e todos foram sequestrados entre 1998 e 1999 em ataques de guerrilheiros a postos policiais e bases militares.

"Foi confirmada a libertação de quatro militares e seis policiais", disse a porta-voz do CICV María Cristina Rivera no aeroporto da cidade de Villavicencio (110 km ao sul de Bogotá). "São todas as pessoas anunciadas pelo grupo armado para serem libertadas esta semana", acrescentou ela. Anteriormente, previa-se que a operação de resgate fosse efetuada em duas jornadas, entre esta segunda-feira e a quarta-feira próxima.
"A decisão de entregá-los todos, de uma só vez, partiu das Farc, pelo que agradecemos em nome das famílias", disse à imprensa o representante do CICV na Colômbia, o espanhol Jordi Raich. Os libertados são os últimos reféns militares e policiais mantidos em cativeiro pelas Farc, embora a polícia colombiana denuncie que ainda não tem notícias de dois de seus homens, também sequestrados.

Foram libertados nesta segunda-feira os militares Luis Alfonso Beltrán, Luis Arturo Arcia, Luis Alfredo Moreno e Robinson Salcedo; e os policiais César Augusto Lasso, José Libardo Forero, Wilson Rojas Medina, Jorge Romero, Carlos José Duarte e Jorge Trujillo. Para a operação de libertação foram suspensas todas as ações das forças militares na zona.
No aeroporto de Villavicencio, dezenas de familiares aguardavam os reféns. "Este foi o melhor presente, a melhor surpresa, e espero apresentá-lo a Ana María, sua neta. Agora, só quero abraçá-lo com todo o meu coração e será uma oportunidade para minha filha conhecer um homem grandioso, valente e um incansável lutador", disse Jennifer, filha do policial Carlos José Duarte. Carlos Andrés, outro filho de Duarte, que tem agora 13 anos, disse que "quando a guerrilha o levou tinha apenas dois meses. Sempre me falaram dele, me mostraram suas fotos. Ele esteve sempre em minha vida, apesar de só hoje poder voltar a vê-lo".

Depois do pouso em Villavicencio, os reféns libertados serão levados a Bogotá para exames médicos. Desde 2008, a ex-senadora Piedad Córdoba, líder de Colombianos e Colombianas pela Paz, vem mediando a libertação de 20 reféns políticos ou policiais e militares, que as Farc mantinha em seu poder, para poder trocá-los por centenas de guerrilheiros presos.

Outros reféns políticos ou da força pública foram resgatados anteriormente em operações militares, entre eles a ex-candidata presidencial de nacionalidades colombiana e francesa, Ingrid Betancourt, em 2008. Além deles, alguns conseguiram fugir e outros morreram em cativeiro. Em Villavicencio também estão a guatemalteca Rigoberta Menchú, Prêmio Nobel da Paz, a ativista mexicana pelos direitos humanos Margarita Zapata e a argentina Mirta Acuña, fundadora da organização Mães da Praça de Maio, convidadas pelo coletivo Colombianos e Colombianas pela Paz.

As Farc são a principal guerrilha da Colômbia, com 9 mil combatentes e quase meio século de luta armada, segundo cálculos oficiais. Recentemente, as Farc, que prometeram cessar com o sequestro de civis para exigir resgate, se dispuseram a um diálogo com o governo do presidente Juan Manuel Santos. O mandatário exige da guerrilha, como passo inicial, o fim dos sequestros, dos atentados e do recrutamento de menores.
Com informações da AFP

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