O sargento Luis Alfredo Moreno agita a bandeira colombiana com euforia na chegada ao aeroporto de Villavicencio |
"Foi confirmada a libertação de quatro militares e seis policiais",
disse a porta-voz do CICV María Cristina Rivera no aeroporto da cidade
de Villavicencio (110 km ao sul de Bogotá). "São todas as pessoas
anunciadas pelo grupo armado para serem libertadas esta semana",
acrescentou ela. Anteriormente, previa-se que a operação de resgate
fosse efetuada em duas jornadas, entre esta segunda-feira e a
quarta-feira próxima.
"A decisão de entregá-los todos, de uma só vez, partiu das Farc, pelo
que agradecemos em nome das famílias", disse à imprensa o representante
do CICV na Colômbia, o espanhol Jordi Raich. Os libertados são os
últimos reféns militares e policiais mantidos em cativeiro pelas Farc,
embora a polícia colombiana denuncie que ainda não tem notícias de dois
de seus homens, também sequestrados.
Foram libertados nesta segunda-feira os militares Luis Alfonso Beltrán,
Luis Arturo Arcia, Luis Alfredo Moreno e Robinson Salcedo; e os
policiais César Augusto Lasso, José Libardo Forero, Wilson Rojas Medina,
Jorge Romero, Carlos José Duarte e Jorge Trujillo. Para a operação de
libertação foram suspensas todas as ações das forças militares na zona.
No aeroporto de Villavicencio, dezenas de familiares aguardavam os
reféns. "Este foi o melhor presente, a melhor surpresa, e espero
apresentá-lo a Ana María, sua neta. Agora, só quero abraçá-lo com todo o
meu coração e será uma oportunidade para minha filha conhecer um homem
grandioso, valente e um incansável lutador", disse Jennifer, filha do
policial Carlos José Duarte. Carlos Andrés, outro filho de Duarte, que
tem agora 13 anos, disse que "quando a guerrilha o levou tinha apenas
dois meses. Sempre me falaram dele, me mostraram suas fotos. Ele esteve
sempre em minha vida, apesar de só hoje poder voltar a vê-lo".
Depois do pouso em Villavicencio, os reféns libertados serão levados a
Bogotá para exames médicos. Desde 2008, a ex-senadora Piedad Córdoba,
líder de Colombianos e Colombianas pela Paz, vem mediando a libertação
de 20 reféns políticos ou policiais e militares, que as Farc mantinha em
seu poder, para poder trocá-los por centenas de guerrilheiros presos.
Outros reféns políticos ou da força pública foram resgatados
anteriormente em operações militares, entre eles a ex-candidata
presidencial de nacionalidades colombiana e francesa, Ingrid Betancourt,
em 2008. Além deles, alguns conseguiram fugir e outros morreram em
cativeiro. Em Villavicencio também estão a guatemalteca Rigoberta
Menchú, Prêmio Nobel da Paz, a ativista mexicana pelos direitos humanos
Margarita Zapata e a argentina Mirta Acuña, fundadora da organização
Mães da Praça de Maio, convidadas pelo coletivo Colombianos e
Colombianas pela Paz.
As Farc são a principal guerrilha da Colômbia, com 9 mil combatentes e
quase meio século de luta armada, segundo cálculos oficiais.
Recentemente, as Farc, que prometeram cessar com o sequestro de civis
para exigir resgate, se dispuseram a um diálogo com o governo do
presidente Juan Manuel Santos. O mandatário exige da guerrilha, como
passo inicial, o fim dos sequestros, dos atentados e do recrutamento de
menores.
Com informações da AFP
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