segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cumpre-se a profecia de Cavendish: virou leproso

Depois da revelação de relações entre Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta, a empresa passa a ser investigada em praticamente todos os Estados do País; da Prefeitura de São Paulo, de Gilberto Kassab, até o Amazonas, de Omar Aziz; no Mato Grosso, de Silval Barbosa, também tem auditoria

Na única entrevista concedida desde que a construtora Delta surgiu como uma das protagonistas da CPI do Cachoeira, o empresário Fernando Cavendish profetizou: “Vou quebrar. Agora virei leproso, né?”. Não deu outra. Depois de a construtora deixar as obras do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, outros de seus contratos não devem prosseguir. Pelo menos é o que indica o movimento de vários governos e prefeituras pelo país, que iniciaram auditorias para avaliar cada detalhe de seus acordos com a Delta. 

Neste domingo, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou a determinação que fez, ao primeiro escalão do governo, para a realização de um “acompanhamento rigoroso” dos contratos da Delta com a prefeitura da capital paulista. “A prefeitura está muito atenta e toda atenção será dispensada (aos contratos com a Delta). Sabemos a dimensão que ganhou essa questão e temos toda preocupação em esclarecer isso para as pessoas”, disse Kassab, antes do início da prova de Fórmula Indy realizada em São Paulo. E não foi o único a anunciar medidas como essa.

O jornal O Globo revelou que um contrato de R$ 1,1 bilhão assinado em novembro do ano passado entre a prefeitura de São Paulo e consórcio liderado pela Delta para varrição de lixo se tornou alvo de investigação do Ministério Público. Os promotores apuram as suspeitas de apresentação de documentos falsos pelo consórcio.

O governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), por exemplo, determinou, na última sexta-feira, abertura de comissão especial para fiscalizar quatro contratos com a construtora Delta para locação de veículos para a Polícia Militar do Estado (ele somam R$ 143,8 milhões). Em nota, Aziz disse que a comissão acompanhará o cumprimento das etapas do contrato com a Delta. “Qualquer coisa que esteja errada eu desfaço o contrato”, garante. Dos quatro contratos, vigentes até 2014, dois deles, no valor de R$ 24,2 milhões, foram realizados sem licitação. São 252 veículos alugados pelo governo – 60 deles estão nas ruas desde o ano passado. O custo unitário do aluguel varia entre R$ 8.500 e R$ 14,4 mil.

Outro que quer saber mais detalhes sobre os contratos de seu governo com a Delta é o governador do Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB). A pedido dele, a Auditoria Geral do Estado de Mato Grosso (AGE-MT) abriu procedimento para analisar minuciosamente o contrato firmado entre a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e a construtora. “Eu não quero ter dúvida em nenhum procedimento no Estado”, justificou o governador. Quem quer?

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